terça-feira, 26 de abril de 2011

Aos 29 anos, Bruno Gagliasso celebra uma carreira de várias facetas. Atualmente no ar como o vilão Timóteo em "Cordel Encantado", o ator já deu vida ao esquizofrênico Tarso ("Caminho das Índias"), ao gay Júnior ("América"), o hilário Berilo ("Passione") e até a Van Gogh no teatro. O convidado do "Você entrevista" se mostra apaixonado pelo que faz e afirma que para ele o importante é o desafio de ter papéis interessantes, ao responder Lileodes de Oliveira, que quis saber se Bruno tem vontade de fazer mais cinema ou se seu foco é TV.

— Sinto vontade de trabalhar e de sempre ter personagens bons. Já fiz Van Gogh no teatro e serei (o sertanejo) Leonardo no cinema. Tenho muito orgulho de fazer TV e considero ignorância achar que televisão é um meio menor.

 

Por que você escolheu a carreira de ator?

Elaine Mendonça

Uma vez eu ouvi uma frase que me marcou muito: "A gente escolhe a coisa, mas a coisa também escolhe a gente". Mas chega um momento em que a pergunta passa a ser outra: é isso que eu quero fazer para o resto da minha vida? E nesse caso a escolha é minha. E a resposta é sim!

O que mais fascina você na carreira de ator?

Patricia Eliane Santana

A possibilidade de viver muitas vidas em uma só. Posso ser como um camaleão. Tirar os olhos do próprio umbigo e me abrir para a realidade de outras pessoas muito diferentes de mim.

 

O assédio dos fãs e dos paparazzi te incomoda?

Jonatan Andrade

Já incomodou mais. O meu amadurecimento como artista incluiu ter consciência que isso faz parte do jogo. Então, como todo flamenguista, não tenho medo de entrar em campo.

Você acha que sua beleza atrapalhou ou abriu portas na profissão?

Helena Couto

A beleza, seja no ser humano, num canto de um pássaro, no movimento do mar, sempre é bem-vinda. Não gosto é da ditadura dos padrões de beleza. Não posso ser hipócrita. Em meios audiovisuais, importa sim. No meu caso, acho que os olhos da Dona Lúcia (a mãe do ator) ajudaram, sim.

Você se sente realizado profissionalmente ou ainda falta muito a conquistar?

Marcos da Rocha

Acho que quem faz arte não se sente nunca realizado. Na minha profissão, sempre vão existir personagens que eu nunca tenha feito. Mas, ao mesmo tempo, me sinto muito feliz em todos os trabalhos que realizei.

 

Se você não fosse ator, qual profissão você seguiria?

Cintia Castro

Estou adorando escrever. Tenho um blog (bloglog.globo.com/brunogagliasso). Quem sabe?

 

Qual personagem que você mais gostou de fazer?

Marcus Vinicius Mesquita

Eu os vejo como um só, como um grande esforço de exercitar minha criatividade. Embora eu tenha sido cuidadoso em diferenciá-los, para mim são como um só. Em todos os papéis distribuí ao telespectador vários pedaços de uma mesma alma. A alma do Bruno.

Você chegou a gravar a famosa cena do beijo gay em "América", mas não foi ao ar. Isso te incomodou?

Pedro Ivo Nogueira Silva

Não só gravei sete takes, como dirigi o que foi escolhido pela Gloria (Perez). Ele foi ao ar completamente descaracterizado. Posso dizer que sou o diretor de uma das cenas mais censuradas da história da televisão brasileira. Agradeço ao Marquinhos (Schechtman) e a Gloria por terem me apoiado como diretor estreante. Dava para não ficar incomodado?

Você dá muitas dicas profissionais ao seu irmão Thiago?

Celeste Rodrigues

Como sou mais velho, é inevitável que eu dê dicas. Agora mesmo me emociono vendo ele em uma peça que interpretei durante anos, "Aonde está você agora?". Thiago não me copia, ele cria.

sábado, 16 de abril de 2011

Há alguns meses, ao me deparar com o título da novela em que atualmente trabalho, "Cordel Encantado", fui tomado por uma necessidade incontrolável de entender a ideia de encantamento.


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Bruno Gagliasso (foto) diz que se "despersonalizou" em meio às obras e instalações sensoriais de Escher


Não conseguia me satisfazer com o que já conhecia e parti para uma pesquisa dos sentidos e da etimologia dessa palavra. Me deparei, então, com o original em latim: "encantado" vem de "incantatus", que, por sua vez, deriva de "can(t)", que vai dar em "canun" ou "canere", origem da palavra cantar.

O mestre Houaiss, grande dicionarista, cita como exemplo o canto dos pássaros. Pois bem, essa viagem sobre os sentidos da palavra "encantamento" se repetiu de modo incrivelmente parecido quando caminhei pela exposição da obra de Escher.

Mas essas duas viagens que se entrelaçaram no meu coração --como as duas asas de um mesmo pássaro-- não se restringiram a uma associação simplista. Explico: um dos sentidos da expressão "encantar" é "desaparecer", como na expressão: "O que é feito dele? Encantou-se?".

Pois bem, foi assim que me senti no meio daquelas obras e instalações sensoriais. Eu me despersonalizei, deixei de ter a sensação de contorno do meu corpo e do meu eu. Isto tudo mesmo antes de pisar sobre um quadrado reproduzido no chão, que nos traz a sensação de que o chão e o teto desapareceram e que estamos no centro do infinito.


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Na foto, uma das instalações que compõem a exposição de Escher, que chega ao CCBB na terça-feira (19)


Isso só para citar uma das propostas da exposição e não tirar a graça da surpresa. O fato é que, já ao entrar, eu já não era o Bruno, mas algo mais volátil, quem sabe um canto? Um som se espraiando no ar? Por outro viés, o mestre Aurélio fala de um curioso sentido da palavra encantado. Trata-se de uma gíria bem brasileira, comum entre os ladrões, para se referir a um cofre que está à frente deles mas cujo segredo eles não detêm.

E isso me remete a um aspecto que considero crucial no trabalho de Escher. Ele, como um ladrão da natureza, guardou em sua mente um cofre grandioso, mas com uma diferença: o segredo desse cofre, ele conhecia muito bem. As sensações produzidas por suas obras não foram conquistadas com meros truques de ilusionismo, mas são fruto de anos de pesquisa árdua sobre padrões matemáticos.

E isso para alguém que quando jovem nunca se deu bem nos exames de matemática, para desgosto do pai. O que quero destacar para o público menos especializado é que sua trajetória de artista deixa bem claro que não há nenhuma oposição entre matemática e magia, entre precisão e deslumbramento.

Escher não é um intuitivo, embora as equações matemáticas que ele transformou em sedução precisem de muita intuição para serem alcançadas. Ele transpassou o limite do possível e usou a matemática do possível para chegar a uma geometria do impossível.


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Público de SP poderá ver dez instalações interativas (foto) e 95 obras de M.C. Escher, com entrada gratuita

Algumas das obras que mais me fascinam em Escher são aquelas em que ele usa a silhueta de pássaros. Sempre que me deparo com essas obras, vem à minha mente a bela música "Oiseaux Exotique" ("Pássaro Exótico"), do músico francês Olivier Messiaen. Ele era mestre em criar obras musicais baseadas no canto de pássaros. Além de músico, o artista francês era um grande ornitologista. Em sua pesquisa de campo sobre o canto dos pássaros, Messiaen percebeu que existia um canto especial que os pássaros executavam mas que não tinha função biológica, como ao do acasalamento ou defesa de território.

Ao contrário, ao desabrochar da aurora, certos pássaros cantavam apenas para homenagear a chegada do sol, produzindo um canto puramente estético. Pássaros artistas, pássaros encantados. E finalizo confessando um segredo: foi com essa canção chamada "pássaros exóticos" na cabeça que percorri toda a exposição

Ou melhor, como um pássaro exótico, atravessei aquelas obras, desaparecido e invisível. Eu, Bruno, um ator encantado, cantava sobrevoando o infinito como se a obra de Escher fosse a chegada da aurora. Viva a obra de arte!


Bruno Gagliasso é ator e faz parte, atualmente, do elenco da novela "Cordel Encantado", da TV Globo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Bruno Galiasso estava acompanhado da mulher, a atriz Giovanna Ewbank. Foto: Leandro Taccilo/Divulgação

Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbnak compraram um terreno no mesmo condomínio onde já moram, em São Conrado
Foto: Leandro Taccilo/Divulgação

Durante a comemoração de seus 29 anos, na última terça-feira (12), Bruno Gagliasso contou que ele e e Giovanna Ewbank pretendem construir uma casa totalmente sustentável, no mesmo condomínio onde já moram, em São Conrado, no Rio de Janeiro.

"Vamos ter horta, sistema de reaproveitamento de água, móveis certificados e tudo o que estiver ao alcance para não agredir o meio ambiente", disse o intérprete do vilão Timóteo em Cordel Encantado.